Diante de mercados voláteis, empresas aceleram transformação para gestão híbrida

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A adoção de metodologias que integram análise de dados, liderança e execução estratégica tem crescido em empresas nos EUA e na Europa. O relatório McKinsey Global Institute (2023) mostra que organizações orientadas por dados tomam decisões até 5 vezes mais rápido e apresentam desempenho financeiro superior. Já o estudo Deloitte Human Capital Trends (2024) indica que empresas com programas robustos de liderança têm 1,5 vez mais chances de alcançar metas de transformação.

Para entender como esse movimento se traduz no dia a dia corporativo, ouvimos especialistas que atuam diretamente com inovação em gestão. Entre eles está Flávia Maia, consultora com mais de uma década de experiência em projetos no Brasil, Portugal, Espanha e Reino Unido, especializada em alinhar liderança, cultura e execução. É também criadora do Método Singular, estrutura que reúne cinco pilares — clareza estratégica, organização operacional, indicadores simples, rituais de execução e fortalecimento da mentalidade — aplicados por empresas de diferentes setores.   

Integrar dados, comportamento e execução se tornou urgente

Para Flávia, os dados só geram impacto quando conectados às rotinas das pessoas.

“A maioria das empresas já coleta indicadores, mas poucas transformam isso em comportamento diário. Metodologias híbridas unem dados, cultura, mentalidade e execução e é essa combinação que sustenta resultados consistentes.”

Um dos diferenciais do método criado por Flávia é justamente traduzir ferramentas de gestão tradicionalmente complexas muitas vezes compreendidas apenas por profissionais com formação na área em processos simples e aplicáveis, que qualquer empreendedor ou gestor, independentemente de sua especialidade, consegue utilizar no dia a dia.

Segundo ela, sem trabalhar a mentalidade da liderança e das equipes, nenhum processo se sustenta.

“Não existe execução sem preparo mental. Quando o líder está sobrecarregado ou inseguro, ele adia decisões, perde ritmo e a empresa perde previsibilidade. Mentalidade não é acessório; é base.”

A Harvard Business Review (2022) confirma essa perspectiva ao apontar que 70% das estratégias falham por falta de execução, não por falhas no planejamento.

Desafios globais: o que muda entre EUA, Europa e América Latina?

Com vivência em múltiplos mercados, Flávia observa padrões:

● liderança sobrecarregada

● comunicação pouco estruturada

● falta de métricas claras

● dificuldade em traduzir estratégia em prática

● prioridades conflitantes entre equipes   

“As dores são parecidas no Brasil, na Europa e até em mercados mais maduros, como os EUA. A diferença está no nível de disciplina operacional”, afirma.

Pesquisas internacionais confirmam a tendência

1. Decisões orientadas por dados

O McKinsey Global Institute (2023) aponta que empresas com maturidade analítica têm até 30% mais produtividade.   

2. Liderança adaptativa

O relatório Deloitte/Bersin Institute (2024) mostra que lideranças preparadas para ambientes incertos elevam a retenção e a inovação.   

3. Execução estruturada

A HBR (2022) identifica que equipes de alta performance usam rituais diários e semanais de gestão — não apenas planejamento anual.

“Os estudos mostram o que vejo na prática: liderança sem processos vira dependência de talento individual; liderança com processo vira resultado previsível”, diz Flávia.

Como especialistas vêm aplicando esses métodos

Com experiência em projetos em setores como tecnologia, varejo, educação, serviços e indústria, Flávia destaca que a inovação em gestão não depende de modelos complexos, mas de clareza e repetibilidade.

Ela explica que seu método se apoia em cinco pilares:

1. Clareza estratégica — saber exatamente o que priorizar.

2. Organização operacional — estruturar processos de forma enxuta.

3. Indicadores simples e aplicáveis — métricas que qualquer profissional consegue entender e acompanhar.

4. Rituais de execução — rotinas semanais e diárias que mantêm a empresa avançando.

5. Fortalecimento da mentalidade — o elemento que sustenta disciplina, tomada de decisão e consistência.

“Método sem mensuração vira discurso. Método sem clareza comportamental não cria cultura. Método sem rotina não cria resultado. E sem mentalidade não há continuidade.”   

A visão para o futuro: tendências para Brasil e EUA

Segundo Flávia, o Brasil vive um crescimento acelerado do interesse por metodologias estruturadas, mas ainda enfrenta dificuldade na aplicação consistente.   

“O Brasil é extremamente criativo e rápido em aderir a conceitos novos. O desafio está na continuidade. Vejo empresas brasileiras com potencial enorme, mas que perdem velocidade pela falta de integração entre áreas e pela ausência de rituais de acompanhamento.”

Ela destaca que, segundo o IBGC e FDC (2024), 64% das empresas brasileiras reconhecem fragilidades na execução estratégica — o dobro da média de empresas americanas.

Nos Estados Unidos, Flávia observa um movimento mais avançado em direção à automação e análise de dados.

“O mercado americano já trata a gestão orientada por métricas como padrão. A diferença é que nos EUA o líder tem obrigação de ser analítico. Não é opcional.”

A afirmação da especialista está alinhada ao relatório Gartner Leadership Vision (2024), que aponta que 78% dos líderes americanos afirmam que seu desempenho será medido pela capacidade de usar dados e IA para decisões operacionais.

“O que vejo no mercado dos EUA é um casamento muito forte entre tecnologia, indicadores e comportamento. Não existe improviso: existe processo, mensuração e responsabilidade direta da liderança.”

Conclusão

Para Flávia, o futuro da gestão — tanto no Brasil quanto nos EUA — deve consolidar três elementos centrais:   

1. tomada de decisão orientada por dados e IA

2. lideranças técnica e comportamentalmente preparadas

3. processos de execução simples, repetíveis e sustentados por mentalidade forte

“A liderança do futuro vai exigir equilíbrio entre análise, adaptabilidade e disciplina. Empresas que conseguirem alinhar esses três fatores estarão naturalmente mais preparadas para competir globalmente”, resume. 

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