Arraial do Cabo tem cientista entre os mais influentes do mundo

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O retorno de Marcos dos Santos à Escola Naval como docente carrega forte simbolismo. “Fui Aspirante ali há quase trinta anos. É uma alegria lecionar para jovens tão comprometidos e atualizados. Eles chegam com uma base técnico-científica muito sólida e dominam recursos digitais que me desafiam a estudar ainda mais”, afirmou. Para ele, a formação oferecida pela Escola Naval combina rigor técnico e visão humanística, habilitando futuros Oficiais a atuarem com tecnologias avançadas e conduzirem equipes em um ambiente global de mudanças constantes.

O pesquisador também liderou iniciativas importantes dentro da Marinha, entre elas o Simpósio de Pesquisa Operacional e Logística da Força e a Avaliação Atuarial das Forças Armadas. Criou mais de cinquenta sistemas de apoio à decisão – todos disponibilizados gratuitamente a instituições públicas e privadas – e ministrou capacitações em modelagem matemática para organizações de diferentes setores.

Entre suas conquistas recentes, destaca-se a aprovação de um artigo na revista Nature, uma das publicações científicas mais prestigiadas do mundo. “Publicar na Nature ou na Science é um sonho para qualquer cientista. Muitos passam a vida inteira tentando. Fui surpreendido positivamente e considero esse o artigo da minha vida”, contou. Desenvolvido com pesquisadores da Universidade de Viena, o estudo já contribui para que instituições públicas e privadas reduzam custos em larga escala.

A trajetória acadêmica de Marcos dos Santos inclui dois pós-doutorados – um no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em Ciências e Tecnologias Espaciais, e outro na Universidade Federal Fluminense, em Engenharia de Produção – além de doutorado, mestrado e especializações voltadas à modelagem matemática e tomada de decisão. Ele acumula mais de cem orientações, cerca de duzentas participações em bancas e atua como revisor de treze periódicos internacionais, com livros, artigos, softwares e patentes registrados.

Atuando simultaneamente no campo acadêmico e no meio corporativo, ele integra o corpo docente da Escola Naval, do Instituto Militar de Engenharia, da Universidade Federal Fluminense e da Universidade de São Paulo. Também foi consultor da Petrobras na elaboração de modelos matemáticos destinados a orientar a transição energética da empresa.

Há dez anos, o Brasil sequer aparecia entre os produtores de conhecimento na área de tomada de decisão e defesa nacional na plataforma Scopus, uma das maiores bases científicas do mundo. “Hoje, o País integra o grupo dos principais produtores da área, ao lado de Estados Unidos e China. É gratificante ver o impacto das pesquisas que venho desenvolvendo”, afirmou o militar.

O professor destaca que todo o percurso começou na Marinha do Brasil. “Vim de uma família simples, criado por mãe solteira, e sempre estudei em escola pública antes de entrar no Colégio Naval, em 1993. Foi na Marinha que construí praticamente toda a base científica que me trouxe até aqui”, disse. Para ele, a Instituição é um instrumento fundamental de mobilidade social, graças ao estímulo à educação e ao mérito.

Reconhecido internacionalmente, Marcos dos Santos já apresentou ou publicou mais de novecentos estudos e atuou em projetos de mais de vinte países. Seu trabalho tornou-se referência em modelos matemáticos aplicados à defesa e subsidiou decisões de entidades como Petrobras e Ministério da Defesa, colaborando para avanços científicos no país e no exterior.

O capitão de fragata da reserva, natural de Arraial do Cabo, voltou a figurar na lista da Universidade de Stanford como um dos 2% de cientistas mais influentes do mundo. A relação, divulgada em setembro, reúne pesquisadores com maior impacto científico global, considerando relevância das publicações, número de citações e colaboração internacional.

Segundo ele, o reconhecimento não é apenas individual. “Meu desempenho só foi possível graças às oportunidades que tive na Marinha. Isso mostra que a força produz ciência de alto nível e é um importante vetor de inovação tecnológica no Brasil”, concluiu.    

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