Festival da cultura afro-brasileira em Macaé terá espetáculo teatral premiado pela FETAERJ
A cidade de Macaé recebe, nessa semana do Dia da Consciência Negra, celebrado nessa quarta-feira, 20, o festival Universo Carukango, que homenageia a saga de Antônio Moçambique, o Carukango, e a cultura afro-brasileira.
O evento, que começa nessa terça-feira, 19, e segue até domingo, 23, conta com uma programação gratuita recheada de atrações com artes visuais, literatura, música, teatro, dança e gastronomia, além de palestras e oficinas.
“Ter esse movimento de artes integradas com 100% da temática afro centrada e com a equipe majoritariamente negra, surge de um desejo de criar uma plataforma para que narrativas decoloniais sejam retratadas com protagonismo e para que o público alvo deste projeto sinta-se representado”, explica o idealizador e produtor Marcelo Fonseca.
A abertura do evento, nessa terça-feira, acontece na sede do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), com a abertura da exposição “Pelos caminhos de Yabá” a partir das 18h30, seguindo com a apresentação do espetáculo teatral “Menina Mojubá”, que reforça a importância das religiões afro-brasileiras.
Depois de uma pausa no feriado, a programação retorna nessa quinta-feira, 21, com uma oficina online com o tema “Etnomatemática das Tranças Africanas”, ministrada pela professora Dra. Luane Bento, das 14h30 às 16h30.
De volta à sede do Sindipetro NF, que fica na Rua Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257, no Centro, o evento continua às 19h30 com uma roda de capoeira contemporânea com o grupo Raízes de Aruanda, e com mais 2 espetáculos teatrais, “Eu Negra” e “Carukango”.
Idealizado e protagonizado pela diretora da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart), Cláudia Byspo, o espetáculo “Eu Negra”, vencedor do 44º Prêmio Paschoalino, da Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio (FETAERJ), em 2022, sobe ao palco às 20h30.
Logo depois, às 21h30, será a vez de Carukango, produção do NEC Teatro, de Rio das Ostras, que conta parte da história do líder quilombola símbolo de luta e resistência contra a escravidão negra na serra de Macaé.
A programação do evento segue nessa sexta-feira, 22, na sede do Sindipetro NF, a partir das 19h, com o espetáculo “Arqueologias do Futuro”, o show da cantora Andrea Martins, e uma feijoada feita pelo chef de cozinha macaense Hugo Dias, do Santo Alho.
No sábado, 23, o festival se encerra na sede do Centro Integrado de Estudos do Movimento Hip Hop (CIEMH2), com uma programação que começa às 9h30 e vai até às 19h30, com palestras e oficinas, todas gratuitas.
“Queremos celebrar a diversidade das artes negras, dando visibilidade e reconhecimento às expressões culturais afro-brasileiras, rompendo estereótipos e o racismo estrutural a partir dessas produções”, afirmou Marcelo Fonseca.
Homenageado também no festival, Carukango foi uma figura emblemática na história do país e no interior do Estado do Rio, fundador de um quilombo no século XIX que lutou contra a escravidão em Macaé e no Norte Fluminense.
“Carukango é uma figura ainda pouco falada na própria cidade, mas que cooperou diretamente para pressionar o abolicionismo em Macaé e, consequentemente, no país, passando de temido líder quilombola a herói da resistência contra a escravidão. Queremos que cada vez mais pessoas possam conhecer a sua história e que o público perceba os vestígios coloniais que ainda estão no nosso cotidiano, e instrumentalizar a partir de debates e oficinas, as formas de combater esse racismo estrutural”, concluiu o idealizador e produtor do festival.